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A poesia é liberta, não tem senhores; é sozinha, ao mesmo tempo multidão. Seu canal é o poeta, por onde passa, arrastando veias, fígado, mãos, olhos, coração.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

ERRANTE PAULO JORGE DUMARESQ



ERRANTE

Ao cabo das horas
surge essa estrela errante
a anunciar crepúsculo de crepom.

Eis-me inerte
no confuso lusco-fusco
solfejando lufada de equinócio
e vendaval de solstício.

Amigo, tudo pode ser tão pouco
que não nos damos conta do
inverno na primavera.

À parte isso, infesta o ar
minha imagem blasé
perdida nas brumas do tempo
confundida com macbethiano espectro.

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