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A poesia é liberta, não tem senhores; é sozinha, ao mesmo tempo multidão. Seu canal é o poeta, por onde passa, arrastando veias, fígado, mãos, olhos, coração.

segunda-feira, 14 de março de 2011

SEM SABER DO POETA - POESIA - 1993



MIGRAÇÃO I

Minhas roupas manchadas
meu único par de sandálias
um espelho no bolso
um colar desgastado
e uma sacola vermelha
larga
onde guardava minhas lembranças.

Era uma tarde de dezembro
e eu nem sabia do próximo ano
do próximo telhado
do próximo que viria ao meu encontro.

Saí sem olhar para trás...


MIGRAÇÃO II

Segui estrada.
Um dia inteiro de silêncio.

Parei na beira de um riacho.
Tomei meu primeiro banho fora de casa.

Era um rio de pedras,
de águas transparentes,
onde mergulhei meu corpo cansado,
e iniciei a lavar minhas mágoas.


MIGRAÇÃO III

De concreto só a praça,
os pneus dos carros
e mais adiante o caminho do mar.

Meia dúzia de sonhos acordados,
meia noite de sonhos adormecidos
e eu querendo encontrar.

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