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A poesia é liberta, não tem senhores; é sozinha, ao mesmo tempo multidão. Seu canal é o poeta, por onde passa, arrastando veias, fígado, mãos, olhos, coração.

sábado, 25 de setembro de 2010

DJAVAN LANÇA "ÁRIA", ONDE CANTA OUTROS COMPOSITORES


Assim como Milton Nascimento, Djavan tem uma marca tão forte como compositor que o público às vezes se esquece de que ele é também um grande cantor. O próprio artista se entrega tanto à arte da composição que nem sempre exercita o canto em músicas alheias. Por isso mesmo, Ária - primeiro disco de Djavan como intérprete em 36 anos de carreira fonográfica - é título surpreendente na discografia deste alagoano que, em sua terra natal, cantava Beatles numa banda chamada LSD. E que, ao migrar para o Rio, nos anos 70, atuou como crooner das boates cariocas entre 1974 e 1978, ano em que a gravação de "Álibi" por Maria Bethânia lhe deu a independência artística que seria sedimentada, no ano seguinte, com a gravação e o sucesso da balada "Meu bem querer". Pois Ária é como uma volta ao começo. Um retorno de Djavan aos tempos de crooner. Mas, como já disse Lulu Santos, nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. E o fato é que Ária flagra um Djavan livre, leve e solto na abordagem de músicas de compositores como Cartola, Tom Jobim, Edu Lobo, Gilberto Gil e Chico Buarque, entre outros. Um Djavan maduro e ousado.

Lançado neste mês de agosto numa parceria da gravadora Biscoito Fino com o selo do cantor, Luanda Records, Ária é um disco em que Djavan sai da zona de conforto e corre saudáveis riscos ao interpretar, por exemplo, "Valsa brasileira" (Edu Lobo e Chico Buarque) sem carregar nas cores da dramaticidade. Os tons de Ária - disco de instrumental enxuto, calcado na voz e no violão de Djavan - são mais suaves e criativos. O samba "Brigas nunca mais", pérola da dupla Tom & Vinicius, vira uma valsa em sua parte inicial. "Treze de dezembro", tema de Luiz Gonzaga com Zé Dantas, é solado com vocalises, sem letra. "Disfarça e chora", samba de Cartola e Dalmo Castello, é enquadrado em outra moldura harmônica. Como um cantor inventivo, Djavan - visto acima numa foto de Christian Gaul - canta o standard sinatriano "Fly me to the moon" com suavidade, com sua voz voando sobre a melodia. Enfim, Ária é disco de um crooner calejado e diplomado na noite. Mesmo quando decepciona, como na releitura banal de "Palco" (Gilberto Gil), Djavan se revela vivaz e criativo. Aos 61 anos, o cantor exala ar juvenil em Ária.

Nesta quarta, 01 de setembro, o SaraivaConteúdo faz uma entrevista exclusiva com o músico, que você assiste em breve no site.

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