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A poesia é liberta, não tem senhores; é sozinha, ao mesmo tempo multidão. Seu canal é o poeta, por onde passa, arrastando veias, fígado, mãos, olhos, coração.

domingo, 25 de novembro de 2012

UMA PLEBÉIA POTIGUAR COM VIDA DE RAINHA

Revista Veja ressalta “gastos de rainha” e corrupção da prefeita Micarla de Sousa


Data: 24 novembro 2012 - Hora: 19:00 - Por: Ciro Marques

Quando já começava a ser “esquecida” pela imprensa natalense, Micarla de Sousa, do PV, virou destaque da imprensa nacional. Na edição desta semana da revista Veja, uma das mais importantes do país, os “gastos de rainha” da prefeita afastada de Natal foram ressaltados em matéria assinada pelo jornalista Marcelo Sperandio. Gastos esses, claro, alvo de investigação do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP/RN), por suspeitas de terem sido custeados com recursos públicos desviados por meio de contratos oficiais irregularidades.

“Folha salarial de dezenove funcionários domésticos, como motorista, faxineira, governanta e secretária: 21 500 reais. Gastos com roupas e relógios: 5 800 reais. Viagens internacionais: 35 000 reais. Reparos na casa: 11 600 reais. Esses são alguns dos gastos mensais de Micarla de Sousa (PV), afastada da prefeitura de Natal no mês passado sob acusação de desviar dinheiro de contratos públicos”, começou a matéria da Veja, citando ainda que conta chegou a R$ 180 mil por mês – mais do que todo o ganho declarado por Micarla durante um ano, de R$ 168 mil (seu salário era de meros R$ 14 mil da Prefeitura).

A reportagem conta que a investigação do MP começou em 2011 e detectou problemas em várias áreas da Prefeitura de Natal. “Os primeiros indícios de irregularidades surgiram em contratos da Secretaria de Saúde, que somavam 65 milhões de reais – e, segundo os promotores, eram superfaturados”.

Na Veja, é relatado que os indícios de irregularidades logo se espalharam e foram encontrados, também, na pasta da Educação. “Em apreensões feitas nas casas de secretários municipais, foram encontradas planilhas sobre distribuição de propina. Esses documentos informavam que Micarla ficava com 10% do valor total dos contratos de uniformes escolares e merenda. O marido da prefeita, Miguel Weber, levava 5% dos uniformes e 2% da merenda, de acordo com as planilhas”.

Só nesse caso, segundo a revista baseado em conclusão do Ministério Público, o casal teria “amealhado” R$ 194 mil. “Foi nesses arquivos que os promotores localizaram as tabelas com os gastos pessoais da prefeita afastada de Natal, totalmente incompatíveis com os seus rendimentos – ao menos os oficiais”.

DINHEIRO SUJO

A Revista Veja, porém, não citou apenas a atuação do casal Micarla de Sousa e Miguel Webber. Afirmou também que “a irregularidade típica do dinheiro sujo – que não cai todo mês na conta, como o salário dos funcionários honestos – ajuda a explicar o malabarismo que assessores de Micarla tinham de fazer para lidar com os problemas bancários da chefe. Francisco de Assis, coordenador da Secretaria de Saúde mas na prática secretário particular da prefeita, era um dos mais atarefados”.

Nesse contexto, a Revista apontou partes das conversas colocadas pelo Ministério Pùblico no pedido que resultou no afastamento da prefeita Micarla de Sousa, por decisão do desembargador Amaury Moura Sobrinho, em outubro. “Em algum momento, pressupõe-se, a conta deixou o vermelho, já que Micarla continuou com crédito. Mas só no banco. Entre a população, não se pode dizer o mesmo: a rejeição é de 92%. Descrédito total”, finaliza o texto da revista Veja.

DESTAQUE NACIONAL

A repercussão nacional que ganhou força nesta semana com a publicação da Revista Veja já não chega a ser novidade. Afinal, pelo menos nos grandes sites de notícia do país, como Folha de São Paulo, Uol Notícias e Estadão, o afastamento de Micarla de Sousa por envolvimento em corrupção já havia sido ressaltado. Porém, poucos tinham ido além e noticiado não só a saída da prefeita do PV, como também detalhes do processo que, por decisão judicial, também não está mais em segredo de Justiça.

Em Natal, O Jornal de Hoje tem acompanhado o caso desde o início, inclusive, deu em primeira mão que o deputado federal Henrique Eduardo Alves, do PMDB, foi citado em algumas das conversas como uma pessoa que os empresários da Associação Marca, acusada de pagar propina a membros do primeiro escalão da gestão municipal e ser favorecida em contratos públicos, queriam se aproximar para ganhar força no Estado.

Apesar de indícios “graves” já terem sido revelados, o Ministério Público do RN, por meio do procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, afirmou que novas provas, que podem ser consideradas ainda mais graves, também foram descobertas nos últimos dias, com a continuidade das investigações.

Na sexta-feira, por sinal, Micarla de Sousa perdeu o recurso que movia no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para voltar a Prefeitura. Paulinho Freire, do PP, continua no cargo. Na sexta, também, servidores municipais da Controladoria-geral do Município denunciaram que o prédio do órgão foi invadido e, de lá, teriam sido levados documentos, o laptop da chefe de gabinete com ordem de pagamos e mensagens, e o processo da Ativa (também suspeita de irregularidades e investigada pelo MP). Boa parte desses papéis poderiam dificultar ainda mais a situação de Micarla de Sousa diante da Justiça.



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