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A poesia é liberta, não tem senhores; é sozinha, ao mesmo tempo multidão. Seu canal é o poeta, por onde passa, arrastando veias, fígado, mãos, olhos, coração.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

ADORMECIDA NO SEU CÁRCERE ANCESTRAL

FILTRO DE AMOR

(Lucinha Moreno)

Os olhinhos dela
Faiscaram ruínas de perigos
Sobre o corpo de pétalas da amada
Estendido na relva do desejo.

Abriram-se as portas do inferno
Amaldiçoando as feiticeirinhas
Rendidas aos pés de lótus
Concebidas de mistérios.

Dedinhos finos circulavam incestuosamente
Pescoço, vísceras, desbriados lábios
Extraíam ultrajantes sortilégios
Dos seus destinos fatais
Num sensual obscurantismo inerente.

Voluptuosas,
Manipulavam sutilmente
Escondidas entre as brasas
Encantos e filtros de amor.

Alaúde toca
Antes do fatal amor aliciar
A benfazeja
Adormecida no seu cárcere ancestral.

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