UMA CIDADE BANHADA PELO SOL CELEBRA 412 ANOS
Por Paulo Jorge Dumaresq
Para o baiano Caetano Veloso, Natal é o “diamante do Nordeste”. Na expressão de Câmara Cascudo, a “noiva do sol”. À parte os epítetos lisonjeiros, a quatrocentona cidade dos Reis Magos veste-se de luz, magia e beleza para celebrar 412 anos vividos intensamente. Praias, dunas, sol, pau-brasil e riquezas naturais outras cativaram franceses, portugueses e holandeses que, pela abastança, encanto e estratégia do território natalense, travaram batalhas renhidas pela posse do sítio, mais do que prometia a bravura humana.
Mangabas, cajus “virgulados de castanhas” e jabuticabas adoçaram o paladar dos colonizadores. Europeus sentiram o sabor atlântico de ciobas, tainhas e xaréus agasalhados de farinha. Ouviram, ainda, o canto do azulão e da craúna no Parque das Dunas, nosso “pulmão” natural. Aqui, portugueses ergueram uma fortaleza, fundaram uma cidade e edificaram igrejas para propagar sua fé cristã.
Do solo natalense, brotaram artistas e homens de letras que dignificaram a nossa cultura. Eruditos do lastro de Luís da Câmara Cascudo e Américo de Oliveira Costa fizeram a estrela de Natal brilhar mais intensamente na constelação da literatura.
"Rio Grande do Norte,/ capital Natal;/ em cada esquina um poeta,/ em cada rua um jornal", dizia a quadrinha do início do século 20. Não é por acaso que a cidade presépio se destaca no panorama poético-literário do país ao gerar talentos da estatura de Jorge Fernandes e Luís Carlos Guimarães, e adotar como suas as poetisas Zila Mamede e Myriam Coeli. Nos dias de hoje, ganham vulto os versos de Marize Castro, Iracema Macedo e Carmen Vasconcelos.
Natal apresenta com orgulho suas manifestações folclórico-culturais traduzidas na tradição dos Congos de Calçola, da Vila de Ponta Negra; do Boi de Reis, de Manoel Marinheiro; e da Sociedade Araruna de Danças Antigas e Semi-Desaparecidas, fundada pelo saudoso Cornélio Campina. Estes são apenas três arquétipos do patrimônio imaterial da nação natalense.
Aliás, a cultura popular foi estudada, a fundo, pelo mestre Câmara Cascudo - o renovador do folclore brasileiro - e seus discípulos Veríssimo de Melo e Deífilo Gurgel, que fizeram da vida profissão de fé na defesa e na divulgação das nossas tradições populares. Nas artes plásticas, merecem louros e loas os artistas Newton Navarro - nosso representante da Escola de Paris -, Leopoldo Nelson e Dorian Gray, continuador do legado de Navarro. Louve-se, também, o pioneiro da arte cinética no Brasil, o misto de artista e inventor, Abraham Palatnik.
A alegria contagiante da nossa gente é embalada pelo samba de Roberta Sá, pela flauta mágica de Carlos Zens, pelo cantor Leno e pelo eclético Isaque Galvão. O romantismo contagiante do cantor Gilliard e da "rouxinol" Glorinha Oliveira também dão o tom maior da música potiguar. Todos esses talentos são "abençoados" por Othoniel Menezes e Eduardo Moreira, autores de "Praieira", hino informal da cidade.
Na arte teatral, o grupo Clowns de Shakespeare é referência no país. Não se pode esquecer também o trabalho consistente do Alegria, Alegria e do Grupo Estandarte de Teatro.
O balé da bola também se fez poesia nos pés de Marinho Chagas e nas mãos certeiras de Virna Dantas. Os pés ligeiros de Magnólia Figueiredo transformaram a nossa velocista em mina de ouro, prata e bronze. Por toda essa riqueza esportiva, artística e diversidade cultural, Natal enleva o espírito humano na grande viagem do homem em busca do conhecimento de si mesmo e de seu semelhante
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